COMO ALFABETIZAR UM ALUNO COM SÍNDROME DE DOWN
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Sabemos que alfabetizar uma criança não é uma tarefa nada fácil, mas quando essa criança possui um comprometimento intelectual essa dificuldade aumenta ainda mais pra o professor alfabetizador, porém não é impossível, vamos descobrir como alfabetizar uma criança com Síndrome de Down?
O que é?
A Síndrome de Down ou trissomia do cromossomo 21 foi descoberta pelo estudioso John Langdon Down por volta de 1866, foi atribuído erroneamente o termo mongolismo ou idiota, por conta da síndrome trazer consigo causas freqüentes de deficiência intelectual.
Sua causa é um erro genético caracterizado pela presença de um cromossomo a mais nas células do individuo com a síndrome, essa condição acarreta em problemas do desenvolvimento cognitivo e corporal em diferentes graus.
Não é culpa do pai ou da mãe que a criança nasça com o erro genético, é um conjunto de fatores e de combinações aleatórias, a idade também é um fator que pode ocasionar a síndrome, mulheres que engravidam sem previamente passar pelo médico e/ou acima dos trinta e cinco anos estão inclusas nos fatores de risco, podendo ocasionar de o feto desenvolver alguma síndrome ou doença.
Com a tecnologia atual é possível identificar desde a barriga da mãe se o bebê terá ou não a síndrome.
O Processo de Alfabetização
Em um primeiro momento é importante que saibamos que mesmo com a síndrome de Down e a deficiência intelectual a criança pode e deve ser alfabetizada como todas as outras, a única diferença será o tempo que ela levará para que isso aconteça por isso os estímulos devem ser intensificados.
As crianças ditas normais, na maioria dos casos aprendem a ler e escrever por meio da leitura das palavras inteiras ou vendo a sua escrita, depois passam para a abordagem fonética e começam a assimilar as letras e os sons para decodificar a escrita, dividir as palavras ou soletrá-las.
Nesse processo o estudos feito por Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1985), a qual recebeu o nome de “Psicogênese da Língua Escrita” definem cinco níveis para o processo de aprendizagem dos alunos.
1º Garatujas: Elas ocorrem por volta dos dois a três anos de idade, onde a criança tenta representar as letras escritas e apenas conseguem fazer desenhos imitando.
2º Grafismos: Ocorre por volta dos quatro anos de idade, a criança ainda faz as garatujas, mas tem a preocupação de saber o tamanho das palavras.
3º Fonetização: Nessa etapa a criança tenta dar valor sonoro ao que esta sendo desenhado no papel por ela
4º Hipótese Silábica: Nesse nível a criança já entende que as palavras são dividas por sílabas, conforme ocorre o aprendizado ela derruba a ideia da hipótese e começa a se dedicar as silabas.
5ª Alfabética: Que é quando a criança já entende a escrita e consegue escrever corretamente.
crianças com Síndrome de Down são bons aprendizes visuais
As crianças com Síndrome de Down são bons aprendizes visuais por conta disso o inicio da sua alfabetização se dá naturalmente e de uma forma até fácil, mas acabam permanecendo nos primeiros estágios por mais tempo que os outros colegas de sala, tendo uma dificuldade maior para ir para o nível alfabético.
Os decorrentes problemas de audição que algumas crianças com a síndrome possam ter habilidades envolvendo a memória; resolução de problemas dificulta um pouco mais esse processo de adquirir a consciência fonológica, por isso é de suma importância que tais momentos sejam muito mais trabalhados e que tais habilidades sejam encorajadas e motivadas.
As crianças com algum tipo de deficiência, principalmente as intelectuais, precisam de uma rotina pré- estabelecida, de um currículo adaptado, e um ambiente de estudos organizado, atividades lógicas e regras, esses elementos são básicos no processo de aprendizagem da criança com a síndrome, ela precisa se sentir segura e a rotina passa essa segurança para ela, ela precisa de regras pois ela tem que saber respeitar os outros e a si mesma, o currículo precisa estar adaptado ela precisa aprender como todos os outros alunos sobre aquele assunto, mas nada impede o professor de adaptar-lo para a realidade do aluno, tornando determinado texto mais curto de ler, por exemplo.
Essas pequenas mais importantes adequações garantem um bom desempenho e aprendizagem do aluno com a Síndrome de Down.
Para que esse processo ocorra o professor pode utilizar de cartões e objetos concretos em sua aula, assim os alunos irão ver e ouvir do que se trata a palavra dita pelo professor e conseguiram assimilar de uma maneira melhor, no caso da criança com a síndrome isso deverá ser repetido algumas vezes até que de fato se consolide, por conta da memória ser prejudica, é preciso que o profissional saiba lidar bem com tais situações e entenda que esse trabalho é necessário para a formação do aluno.
A escola deve proporcionar um ambiente acolhedor e harmônico para que o aluno se sinta a vontade e confiante.
É de suma importância que o processo de aprendizagem seja feito de maneira leve, sem forçar a criança, e lúdico.
O lúdico além de ser colorido e agradável aos olhos, lembrando que as crianças com a Síndrome de Down são visuais, ele também desperta o interesse, por isso é mais fácil para que os conteúdos sejam aprendidos. Você pode:
- Incluir jogos
- Música
- Livros pequenos e coloridos
Apenas tome o devido cuidado para não introduzir informação demais na criança, ela ficará confusa e sem aprender realmente, veja os sinais que ela mesma dará, trabalhe também com objetos concretos, é bom que a criança pegue, sinta, aquilo que esta aprendendo.
Os objetivos do processo de aprendizagem da criança com síndrome de Down é que ela consiga ter uma vida o mais normal o possível, dentro de suas limitações a escola e podem contribuir e muito com:
- Estimular a linguagem oral e escrita,
- Estimular a sua independência e organização,
- Desenvolver a compreensão do que é real e do que é fictício,
- Desenvolver as habilidades físicas, mentais e sócio- afetivas,
- Ampliar e enriquecer o seu vocabulário,
- Ler e escrever de forma correta e falar de maneira correta,
- Conhecer a si mesmo enquanto ser- humano, saber das suas limitações e saber que é capaz de realizar muitas tarefas,
- Adquirir conceitos sobre formas, tamanhos, quantidades,
- Desenvolver habilidades sociais e conhecimentos práticos que ajudem no seu comportamento em todos os ambientes.
Quando a criança está na sala de aula, é interessante que ela tenha um real contato com os outros alunos da turma, as atividades em grupo são uma ótima opção para incluir á todos nesse processo, beneficiando a integração social das crianças.
Vale lembrar que ninguém é igual e por isso o modo de aprender também não é, se determinada técnica deu certo com determinado aluno, isso não significa que dará certo com todos, por isso esteja preparado, estude e saiba lidar com diversos tipos de situações.
A produção de todos os trabalhos de início serão difíceis e complexas, as dificuldades de memória e coordenação motora fina serão um trabalho extra para o professor, a fala e linguagem, organização e sequência também, não desanime, será difícil no começo, pense que se está assim para você imagina para a criança, então mantenha a calma, o desenvolvimento dessas habilidades na Síndrome de Down levam tempo e treino, mas com o trabalho e a estratégia corretos, irá correr tudo bem.
Estratégias:
Utilize recursos adicionais para auxiliar a escrita como
- Diferentes tipos de lápis,
- Linhas mais grossas,
- Papéis quadriculados,
- Quadros,
- Painéis para escrita.
Ofereça sempre um apoio visual para o que você está falando, por exemplo, se você está falando sobre maçãs, mostre a imagem de uma maça ou se possível leve uma maça para dentro da sala, deixe que a criança toque, sinta seu cheiro e gosto.
Mostre que existem vários métodos de memorização e diga para que faça o que ele se sentir mais confortável, apresente os mais usados como:
- Cópia,
- Sublinhas ou circular,
- Usar o bloco de notas do computador ou celular.
Incentive o seu aluno em todos os momentos possíveis, a motivação também é de suma importância no processo de ensino aprendizagem desse aluno.
Dicas Básicas:
- Esteja ciente das implicações do seu aluno
- Mantenha a ficha do aluno atualizada, os dados pessoais, atividade física, doenças.
- Conheça o meio social que a criança está inserida, entre em contato com a família, conheça bem a escola e o ambiente.
- Supervisione as atividades do aluno.
- Anote tudo o possível sobre o aluno em seu caderno, ao final de cada aula, assim você conseguira observar de modo mais amplo os progressos do seu aluno.
- Observe o aluno durante as atividades, dentro e fora da sala de aula, ele demonstrará se está gostando ou não, fique atenta aos sinais.
- Não passe várias informações ao mesmo tempo, isso confundirá a sua cabeça.
- Estimule o aluno para realizar as atividades
- Evite a superproteção, ele sabe se virar sozinho
- Mostre sempre exemplos
- Adote uma comunicação facilitada.
Essas dicas ajudarão o professor e a família, mas o convívio diário e o seu conhecimento sobre a criança em questão facilitarão muito mais o seu trabalho e a vida desse aluno, é preciso muito cuidado e atenção para se trabalhar com a síndrome de down, porém se os estímulos e motivações forem corretos o aluno avançara muito.
Laís Simão, Pedagoga e Professora Especialista em Deficiências Intelectual e Múltiplas.
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